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COC participa de encontro sobre escravidão em Florianópolis

14 maio/2013

A produção acadêmica da Casa de Oswaldo Cruz (COC) vai estar representada esta semana no 6º Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, em Florianópolis, por três trabalhos. A pesquisadora Kaori Kodama, o doutorando do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde Rodrigo Aragão Dantas e da bolsista de iniciação científica Thaíse Laranjeira farão apresentações sobre as temáticas epidemia de cólera e ofícios de cura, ambas ligadas ao Rio de Janeiro do século 19.

 

Em sua explanação, intitulada Africanos no Rio de Janeiro na epidemia de cólera, 1855-1856, Kaori mostra, a partir de dados obtidos na Santa Casa de Misericórdia da capital fluminense, que os escravos vindos do outro lado do Atlântico e os libertos de mesma origem foram os mais atingidos pelo surto da doença. Os dados indicam que os escravos africanos tiveram uma taxa de mortalidade bem maior do que os nascidos no Brasil.

 

“Isso aponta que homens livres pobres e escravos tinham condições de vida muito semelhantes. O que causou um certo diferencial dessa mortalidade para os africanos, tanto escravos quanto libertos, ante os nascidos no Brasil, provavelmente foram as redes de sociabilidade que os brasileiros tinham capacidade de construir”, afirma a pesquisadora. De acordo com ela, essas redes lhes possibilitariam ter acesso a melhores condições de saúde e de vida em geral.

 

Já a apresentação de Dantas – As transformações no oficio médico e suas relações com as artes de cura no Rio de Janeiro (1840-1889) – mostra as mudanças que o ofício de barbeiro sangrador passou ao longo desse período. Através de dados de anúncios publicados no Almanak Laemmert naquela época, o doutorando produziu mapas mostrando em que áreas da cidade atuavam esses profissionais.

 

Na primeira metade do século 19, quando a sangria era uma técnica de cura bastante difundida, esse ofício era exercido majoritariamente por africanos. Porém, na segunda metade, o perfil da atividade de barbeiro começou a se modificar, explica o doutorando, orientado pela pesquisadora da COC e professora da pós Tânia Pimenta.

 

“Quando os portugueses começam a entrar no ofício dos barbeiros, essa atividade passa a se diferenciar das profissões de cura, porque  eles ofereciam serviços mais ligados à estética, como corte de cabelo, tinturaria e perfumaria. Aí começa a se observar uma mudança nessas barbearias em direção ao que se tem hoje – os salões de belezas modernos”, afirma.

 

No mesmo encontro, Thaíse Laranjeira  apresentará o trabalho Ocupações Escravas e o Cotidiano na Epidemia de Cólera, Rio de Janeiro (1855-1856). Ela é bolsista de iniciação científica, sob orientação de Kaori. Confira a página do encontro.