Responsável pela gestão e preservação de diferentes tipologias de bens culturais que incluem acervos arquivísticos, bibliográficos, museológico e coleções biológicas, além de edifícios e sítios históricos, a experiência da Fiocruz na gestão de riscos relacionados ao patrimônio cultural resultou na elaboração do e-book ‘A gestão de riscos como estratégia para a preservação do patrimônio cultural das ciências e da saúde’, disponível online gratuitamente e também na versão impressa.
De autoria de Carla Coelho, Marcos José Pinheiro, Bruno Sá e Nathália Vieira Serrano, profissionais da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), o objetivo da publicação é contribuir para novas pesquisas sobre o tema e para a adoção da gestão de riscos em instituições nacionais e internacionais responsáveis pela preservação de bens culturais.
Editado pela Editora Mórula, com recurso da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), o e-book apresenta as diferentes etapas do ciclo-piloto de implementação da gestão de riscos para o patrimônio cultural da Fiocruz, destacando as principais estratégias adotadas para viabilizar sua realização na instituição, bem como os desdobramentos desse trabalho – que incluem a implementação de medidas de mitigação de riscos e o desenvolvimento do Sistema ABC de Gestão de Riscos para o patrimônio cultural.
Coordenado pela Casa, o ciclo-piloto de implementação da gestão de risco foi realizado por um grupo de trabalho interdisciplinar que contou com a colaboração do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT).
Diretor da Casa, Marcos José de Araújo Pinheiro ressalta que, apesar de facilitar a decisão com base em riscos para gestores de patrimônio cultural, o Método ABC é complexo e, muitas vezes, difícil de ser aplicado por profissionais que atuam na área. “Desde que nos deparamos com essa metodologia e a aplicamos, vimos a necessidade de compartilhar nossa experiência e de produzir meios para difundi-la, visando facilitar sua aplicação tanto para profissionais, como para alunos, professores e instituições que atuam no campo do patrimônio cultural”, disse.
A abordagem do tema, que teve início na Fiocruz há quase 10 anos, com a publicação da Política de Preservação e Gestão de Acervos Culturais das Ciências e da Saúde e criação do Grupo de Trabalho de conservação preventiva e gestão de riscos da Casa, propõe avançar na perspectiva de avaliação dos riscos aos quais o bem está submetido para permitir o planejamento de ações de preservação segundo prioridades definidas.
“Quando o GT foi criado a perspectiva da gestão de riscos ainda era pouco conhecida no campo do patrimônio cultural, e ainda hoje temos poucas referências em português sobre o tema. Somado a isso, os desafios para garantir a conservação dos bens culturais e a segurança de seus usuários são muitos, e a gestão de riscos contribui para a definição de prioridades de ação considerando o contexto e a realidade de cada instituição” destaca Carla Coelho, assistente técnica da vice-diretoria de Patrimônio Cultural e Divulgação Científica da Casa e docente do Programa de Pós-Graduação em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde da COC.
Nesse contexto, a experiência adquirida no processo de formulação da política de preservação, anos antes, foi fundamental para que a Fiocruz avançasse em direção a um desafio maior, a formulação iniciativas que contemplassem todos os acervos sob sua responsabilidade, partindo do conceito amplo de patrimônio cultural.
“Para explicar os passos da metodologia que utilizamos, o e-book destaca a apresentação de dois exemplos práticos, a gestão de riscos aplicada à preservação do Pavilhão Mourisco e a aplicação da metodologia na preparação e planejamento da mudança do acervo arquivístico para o Centro de Documentação e História da Saúde”, destaca Nathália Vieira Serrano, chefe do Serviço de Conservação e Restauração de Documentos da Casa. “Este trabalho colaborativo envolveu diversos profissionais de vários setores que representam os diferentes acervos da Casa e da Fiocruz. Além disso, os temas abordados no livro estão alinhados a uma visão ampliada e contextualizada da preservação do patrimônio, envolvendo o conceito da conservação preventiva”, finaliza Bruno Sá, arquiteto da Casa.