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Terapias hormonais e ‘cura da homossexualidade’ são destaque em História, Ciências, Saúde – Manguinhos

Novos artigos publicados abordam temas como sexualidade, Aids, ecologia, memória institucional e circulação de saberes científicos em diferentes contextos históricos

20 ago/2025

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Uma nova leva de artigos da edição anual de HCSM (vol. 32, 2025) já está no ar, trazendo trabalhos que exploram de forma interdisciplinar diferentes aspectos da História das Ciências e da Saúde, em contextos nacionais e internacionais.

O artigo que ilustra a capa da nova edição, A proposta de cura da homossexualidade e a circulação de terapias hormonais masculinas no Brasil, 1938-1949, de Rodrigo Ramos Lima (Fiocruz), analisa a obra publicada em 1938 pelo médico legista Leonídio Ribeiro, que defendia a opoterapia como tratamento de “cura” da homossexualidade. O estudo de Ribeiro discute como ideias médicas e práticas terapêuticas relacionadas à sexualidade circularam no Brasil em meados do século XX, iluminando relações entre ciência, moral e poder.

Também no campo da saúde, Paulo Henrique Souza dos Santos (UFPA) e Carlos Henrique Assunção Paiva (Fiocruz) analisam o papel das organizações sociais no enfrentamento da Aids. Destacando as atividades do grupo Paravidda, o artigo discute as reivindicações pela organização da assistência hospitalar no Pará desde a regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1990, até 2003, quando ocorreu uma reestruturação da rede de saúde na região. Já Saúde e ecologia na Luta do Larzac, França, 1971-1981: relações entre corpo e território na formação de uma sensibilidade ecológica, de Renata Sigolo (USP) e Sylvain Palandri Ferez (Universidade de Montpellier), abordam a emergência de uma consciência ecológica a partir de movimentos sociais.

O artigo Política, geopolítica e historia de la ciencia: acerca de Inventando la revolución científica, de James Secord”, de Ana Becerra-Barahona (UNAM), em conjunto com outros nove pesquisadores discute como a ideia de “Revolução Científica” foi moldada pelas instituições anglo-americanas no contexto da Guerra Fria.

A edição também traz reflexões sobre instituições e memória. Em A Colônia Juliano Moreira de Bispo do Rosário revivida na obra de Gilmar Ferreira, Andrea Maia Gonçalves Pires (UFF) e Priscila Faulhaber (Museu Paraense Emílio Goeldi) analisam o processo de produção artística de usuários da saúde mental na Colônia Juliano Moreira, considerando as transformações nas práticas de tratamento da loucura.

Na interface entre ciência, educação e cultura, artigo sobre uma exposição em Bogotá, na Colômbia, analisa como públicos interagem com museus de ciência. O trabalho é assinado por   Alice Ribeiro (Fiocruz), Juliana Araujo (UFRJ), Luisa Massarani (Fiocruz), entre outros pesquisadores.

A seção Fontes apresenta dois novos artigos. Em O último voo: documentos inéditos relativos ao falecimento e ao espólio de Emília Snethlage (1868-1929), Marco Aurélio Crozariol (USP) divulga documentos inéditos que lançam luz sobre a trajetória da zoóloga alemã no Brasil. Já em O periódico El Practicante Oscense (1935-1940) como fonte de estudo da história da enfermagem durante a Guerra Civil Espanhola, Raúl Expósito-González (Universidade de Huesca) e colegas analisam como publicações de profissionais de saúde podem se constituir em fontes valiosas para a pesquisa histórica, explorando a circulação de saberes médicos em um contexto de conflito.

A edição completa (vol 32, 2025) está disponível no Scielo